O grupo que atua no centro da cidade tem até carimbos médicos. Repórteres mostram como é fácil comprar documentos que justificam faltas e atestam boas condições de saúde. Na reportágem são mencionadas algumas formas para se evitar ou ao menos diminuir esse crime.
Centro de São Paulo, os chamados "plaqueiros" oferecem os atestados médicos.
“A gente cobra R$ 20 cada dia. Eu vou cobrar do senhor R$ 15, tá bom?”, diz.
Reoprter: R$ 15?
“Por cada dia”.
O plaqueiro explica que quanto mais dias de licença, menor o preço. O Repórter pede cinco dias de afastamento. “R$ 50, cinco dias de licença”, afirma.
O rapaz vai buscar o papel e preenche o falso atestado numa cabine telefônica, no meio da rua. Ele mesmo dá o número do CID, o código usado pelos médicos que indica qual o problema de saúde. Nesse caso ele preenche como k-29 e diz qual o tipo de doença: “Bronquite asmática, com problema de respirar...”, diz.
No livro médico, k-29 é usado para identificar problemas de gastrite.
Na Praça da Sé, na saída do metrô mais um ponto de venda. “Admissional é R$ 30. Não passa no doutor porque a clínica é conveniada, o rapaz vai lá, pega seu dado e faz, tá?”
Mais uma vez, o repórter finge interesse. E o plaqueiro os leva a uma segunda pessoa. No caminho ele alerta. “Você sabe que se não passar no médico é contra a lei né? O certo mesmo era passar no médico, né?”
O contato pega os dados.
“Casado ou solteiro?”
Repórter: Casado
“Idade?”
Repórter: 46
Ele sai para buscar o atestado e volta poucos minutos depois com tudo preenchido.
“Só assinar no x aí, tá?”
Para a polícia as pessoas que vendem esses atestados são apenas parte de uma grande quadrilha de falsificadores, que se concentram em regiões movimentadas. Geralmente os bandidos ficam perto de locais procurados por quem vai tirar documentos.
Dos três médicos que assinam os atestados foram encontrados dois. O médico David Feder é clínico geral, professor na Faculdade de Medicina da Fundação Santo André e Unifesp.
Ele já sabia que seu registro estava sendo usado por falsificadores, registrou boletim de ocorrência, mas mesmo assim, está preocupado.
“Eu posso ser processado por empresas cujos funcionários realmente não estão trabalhando e que deram atestados em meu nome”, declara Davi Feder, médico.
Maria Isabel di Pierro disse que já registrou um boletim de ocorrência denunciando a falsificação.
Quem recebe atestados médicos diariamente dá algumas dicas para que as empresas identifiquem o documento falso, mas lembram que nem sempre é possível reconhecer um atestado falso.
“Que o nome do médico esteja legítimo, que tenha um telefone, que esse atestado venha no receituário do médico, onde tenha também o endereço, de forma que a gente possa verificar aquelas informações”, explica Andréa Janotti, assessora da Secretaria de Gestão Pública - SP.
Em Londres a falsificação de atestados não é comum. Todo e qualquer atestado médico é emitido somente nos posto de saúde, que são controlados pelo governo.
Funciona assim: em cada cidade os moradores são obrigados a se registrar no consultório público mais próximo de casa e cada bairro tem um. Se houver necessidade de se ausentar da escola ou do trabalho por motivo de doença, é o clinico geral do posto de saúde que emite o atestado.
O documento com papel timbrado especial é enviado diretamente para a empresa ou escola, isso não impede, mas dificulta bastante as chances de falsificação
Fonte: Jornal Hoje - Rede Globo
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